Aracaju, 1 de novembro de 2025

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SENADORES DESRESPEITAM MINISTRA MARINA SILVA E UM ATÉ DIZ QUE TEM VONTADE DE ENFORCÁ-LA E ELA SE RETIRA DA COMISSÃO E NÃO ACEITA SER SUBMISSA E TRATADA COMO ANIMAL SEM CLASSIFICAÇÃO

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MARINA SILVA

‘Me senti agredida, mas saio fortalecida’, diz Marina Silva após ofensas em comissão do Senado
Ministra do Meio Ambiente deu entrevista à GloboNews após senador mandá-la ‘se pôr em seu lugar’ durante audiência pública: “Ninguém vai dizer qual é o meu lugar”, afirmou Marina.
Por Julia Duailibi, Octavio Guedes, Felipe Turioni

27/05/2025 16h40 Atualizado há 3 horas

‘Me senti agredida, mas saio fortalecida’, diz Marina Silva
‘Me senti agredida, mas saio fortalecida’, diz Marina Silva

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta terça-feira (27) em entrevista na GloboNews que se sentiu agredida, mas que saiu fortalecida durante os embates na Comissão de Infraestrutura do Senado. Marina disse ainda que Lula ligou para ela após as ofensas.

“Eu saí dali mais fortalecida. Eles não conseguiram me intimidar”, disse a ministra na entrevista. “Ninguém vai dizer qual é o meu lugar.”
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Marina abandonou a audiência pública na Comissão de Infraestrutura, que discutia a pavimentação de uma estrada na Amazônia, após uma série de bate-bocas com senadores. Ela, que havia se queixado pelo tratamento durante durante a reunião, chegou a ser impedida de falar.

‘O meu lugar é trabalhando para combater desigualdade’, diz Marina Silva após sofrer ofensas no Senado
‘O meu lugar é trabalhando para combater desigualdade’, diz Marina Silva após sofrer ofensas no Senado

A ministra do Meio Ambiente ouviu, ainda, do presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), que ela tinha que se “pôr no seu lugar”.

“O meu lugar é trabalhando para combater desigualdade, ter um modelo de desenvolvimento que gere prosperidade”, disse Marina na entrevista.
Lula ligou para Marina
Marina nega que tenha faltado apoio do governo após ofensas no Senado
Marina nega que tenha faltado apoio do governo após ofensas no Senado

Durante a entrevista, Marina negou que tenha faltado apoio dos parlamentares da base governista ao ser atacada no Senado, e disse que Lula ligou para ela após a repercussão das ofensas. “Me senti respaldada”.

“O presidente Lula fez questão de ligar para mim […] Eu fiz questão de perguntar como ele estava, porque eu estava preocupada com a saúde dele, não queria levar mais questões. E ele fez a questão de dizer: ‘Passei a me sentir melhor depois que você tomou a decisão de se retirar daquela comissão. Você fez o que era certo, de não tolerar desrespeito'”.
Ofensas em comissão
Senador manda Marina Silva ‘se pôr no seu lugar’
Senador manda Marina Silva ‘se pôr no seu lugar’

A ministra foi alvo de ao menos três parlamentares ao participar de audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, nesta terça-feira (27).

A discussão começou quando Marina disse que se sentiu ofendida por falas do senador Omar Aziz (PSD-AM) e questionou a condução dos trabalhos feita por Marcos Rogério, que presidia a sessão na Comissão de Infraestrutura do Senado.

Rogério havia cortado o microfone de Marina várias vezes, impedindo-a de falar, e ironizou as queixas dela. A ministra respondeu dizendo que ele gostaria que ela “fosse uma mulher submissa”. “E eu não sou”, completou Marina.

Sentado ao lado da ministra, Marcos Rogério olhou para ela e disse: “Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar”. A declaração provocou novo tumulto e ele tentou se explicar. Disse que, na verdade, referia-se ao “lugar” de Marina como ministra de Estado.

Os ânimos continuaram exaltados. O senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que era preciso separar a mulher da ministra porque, segundo ele, a “mulher merece respeito e a ministra, não”.

Não é a primeira vez que Valério ofende Marina. Em março, em evento no Amazonas, ele afirmou que tinha “vontade de enforcá-la”. Na ocasião, a ministra rebateu a declaração do parlamentar.
Senador já falou em “enforcar” Marina Silva; saiba quem é Plínio Valério
Discussão com senador foi estopim para ministra do Meio Ambiente deixar sessão de comissão no Senado
Da CNN, São Paulo
27/05/25 às 17:03:43 | Atualizado 27/05/25 às 17:03:43
Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) recebe a ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima, para discutir com os senadores a possível criação de uma unidade de conservação marinha na Região Norte. Em pronunciamento, à bancada, senador Plínio Valério (PSDB-AM).
Plínio Valério: “A mulher merece respeito, a ministra, não” • Geraldo Magela/Agência Senado

Em março, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) já havia dito que sentia vontade de “enforcar” a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Nesta terça-feira (27), um bate-boca entre Valério e Marina na Comissão de Infraestrutura do Senado levou a ministra a se retirar de sessão para a qual havia sido convidada.

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Minutos antes, Marina já havia se desentendido com o presidente do colegiado, Marcos Rogério (PL-RN), após ele ironizar a “educação” da ministra enquanto ela respondia ao senador Omar Aziz (PSD-AM).

Na sequência, fazendo uso da palavra, Valério disse: “ministra, que bom reencontrá-la. E ao olhar para a senhora, estou vendo uma ministra. Não estou falando com a mulher. Estou falando com a ministra.”

Com o microfone ainda desligado, Marina disse que era “as duas coisas”: mulher e ministra.

Logo, Plínio Valério declarou: “porque a mulher merece respeito, a ministra, não”; então, deu-se início à discussão entre ambos.

“O senhor que diz que queria me enforcar. Foi o senhor que disse que queria me enforcar”, relembrou Marina.

Contexto
A fala do senador recordada por Marina ocorreu durante evento da Fecomércio do Amazonas.

Valério, na ocasião, disse sentir vontade de “enforcar” Marina ao relembrar a participação da ministra na CPI das ONGs.

Em nota após a repercussão da fala, Valério disse que usou uma “figura de linguagem” ao falar em “enforcar” Marina.

“Para expressar meu sentimento e indignação ao ouvir a ministra Marina Silva dizer na CPI das ONGs que não se pode construir uma estrada apenas para a população passear de carro”, justificou.

Na época, Marina retrucou Valério dizendo que “só os psicopatas são capazes de fazer isso” — no caso, dizer que gostaria de enforcá-la. Já o senador, no plenário do Senado, negou se arrepender da conduta.

Comissão
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) citada pelo senador investigava a atuação de organizações não-governamentais (ONGs) na Amazônia e a utilização de recursos públicos e advindos do exterior por estas entidades.

Quem propôs e presidiu a comissão, que transcorreu ao longo de 2023, foi o próprio senador. Já a relatoria do colegiado ficou com Marcio Bittar (União Brasil-AC).

No relatório final da comissão, Bittar chegou a apontar que havia uma relação de “promiscuidade” entre Marina e ONGs que atuam na região.

“No evento (na Fecomércio), falava sobre os desafios do mandato, especialmente as dificuldades para a pavimentação da BR-319, impedida pela ministra”, dizia a nota emitida pelo senador em março.

A BR-319 liga Manaus a Porto Velho. As obras na rodovia estão travadas em meio a problemas com licenciamentos, e o senador acusa órgãos ambientais e ONGs de agirem contra o empreendimento.

Quem é Plínio Valério

Plínio Valério é senador desde 2019. Antes, havia sido vereador em Manaus e ocupado uma das vagas de deputado federal por Amazonas advindo da suplência, por alguns meses em 2013.

A questão da BR-319 é tanto uma das principais bandeiras do mandato de Valério, como o principal ponto de embate entre o senador e a ministra do Meio Ambiente.

Recorrentemente, Valério se utiliza de discursos no Senado para reiterar críticas à ministra.

Em discurso no final de abril em sessão no Senado, Valério disse: “enquanto ela (Marina Silva) destratar os amazonenses, enquanto ela ironizar os amazonenses e gozar deles na cara, eu vou ter que repudiar aqui sempre.”