Coração Bandido

O Navio Negreiro


 

 

Castro Alves, não vou plagiar,

1869 ele escrevia o poema:

O Navio Negreiro e eu hoje

escrevo, repito, sem lhe plagiar,

O Navio Negreiro!

Qualquer um a de notar são

tão diferentes os poemas,

que dúvidas não há.

– O dele é:

O Navio Negreiro!

– O meu é:

O Navio Negreiro!

Ambos têm o mote o navio,

ambos têm o mote o tráfico,

ambos levam negros,

ambos levam meus,

e creio, seus, irmãos.

Ops! -Serão iguais?

-Já disse que não.

Aquele, retirava a força de seus

campos de liberdade e vida,

para a triste escravidão,

onde os aguardava dor

e exaustão em dias intermináveis.

Este, da barbárie bestial,

pagando-se para fugir,

saindo do rincão nascido,

para esperança de vida,

em terras doutros que

nem lá os querem,

em dias que para muitos

sequer existir, existirão.

Navios negreiros,

de triste passado,

de infame presente,

que não os adjetive

no futuro outro poeta,

de melhor ou pior escrita,

por uma singela razão:

lá existir,não existirão!

Ivan Leite

26/05/2015


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