Marquises de Aracaju podem desabar e matar, por falta de manutenção e fiscalização
Aracaju tem marquise com perigo de desabar
Por falta de fiscalização dos órgãos a quem compete identificar os riscos e determinar interdição ou reparos, para que não coloquem em risco as pessoas, Aracaju tem várias marquises que podem desabar a qualquer momento e matar transeuntes, como já aconteceu no Calçadão da João Pessoa.
Em muitos prédios, o estado precário das marquises é encoberto por lonas, luminosos e fachadas, não permitindo observar o perigo.
Os proprietários de imóveis antigos não investem para oferecer segurança e ainda fazem pouco caso das autoridades, porque estão convictos da impunidade e no caso de morte tudo cairá no esquecimento e eles não serão punidos. A família que chore a morte do ente e assuma os prejuízos.
Moradores e empregados de empresas instaladas nestes prédios que oferecem risco fazem a roleta da vida e da morte todos os dias e sabem que só haverá uma fiscalização rigorosa, quando ocorrer uma tragédia, como a da Coroa do Meio, em Aracaju, mas isso vai durar pouco mais de uma semana e tudo cai no esquecimento até outro desabamento com mortes e assim a vida vai sendo levada.
Edna Andrade mora num prédio da família e sabe que as rachaduras são um alerta, porque a qualquer momento o edifício pode desabar.
Ela diz que a saída da família está sendo providenciada, porque o problema está sendo analisado na justiça.
É comum as pessoas transitarem pelas ruas da capital, passando embaixo das marquises sob o risco de morrer.
Normalmente, são prédios comerciais e os donos não estão nem ai, o negócio é faturar com os elevados preços dos aluguéis.
O eletricista Wilson de Jesus diz que não tem autoridade para tomar conta e fica tudo aí, até cair e matar algumas pessoas.
Há seis meses tentaram desmanchar uma marquise, começaram e não terminaram e ninguém obrigou a fazer qualquer coisa e está aí para cair em cima de alguém, alertou Jesus.
O empresário Gamaliel Souza tem um prédio que oferece risco de desabamento, mas disse que está seguro, porque um engenheiro foi lá e verificou.
Indagado se o prédio foi vistoriado pela Defesa Civil, ele diz que não e quem esteve lá foi um engenheiro, mas também não diz de onde é este profissional e nem o seu nome, portanto, fica a palavra dele contra o risco de alguém morrer e nada mais.
O coronel Reginaldo Moura, coordenador da Defesa Civil de Aracaju, diz que muitas vezes os prédios são antigos e está no contexto da herança e fica a indefinição sobre quem deve cuidar do prédio e por isso é difícil notificar.
Um exemplo de risco de uma tragédia é o Casarão do Parque, que foi invadido e várias famílias passaram a ocupá-lo, mesmo sabendo do perigo de um desabamento.
Reginaldo informou que vai conversar com o Ministério Público Estadual, depois da desocupação do prédio e fazer uma vistoria técnica.
Enquanto não ocorrerem vistorias e interdições de prédios que oferecem riscos de desabamento total, parcial ou apenas a marquise, a população vai se virando com o perigo de morrer embaixo de escombros e sem ter responsáveis.
Texto: Cláudio Messias
Fotos produzidas por Lúcio Milanez