Pelados no Museu: exposição tem horário especial para visitas nuas na França; entenda
De acordo com a direção da unidade, sapatos são os únicos itens obrigatórios, mas para proteção dos pés
Exposição permite visita de público sem roupas na França
Exposição permite visita de público sem roupas na França — Foto: Reprodução
“Você precisa colocar sapatos!” “Oh não!” Uma cena curiosa no Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo (Mucem) em Marselha, onde uma exposição dedicada ao naturismo pode ser visitada uma vez por mês, nu ou quase, mas calçado.
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“Eu pensei que era uma exposição naturista!”, indigna-se um visitante, Daniel, ao descobrir que ele ainda precisa usar sapatos ou sandálias para explorar “Paraísos Naturistas”, um panorama histórico do século XIX até os dias de hoje sobre o “viver nu” e suas variações políticas.
Assista ao vídeo abaixo
Museu em Marselha abre exposição em que visitante pode entrar nu
Museu em Marselha abre exposição em que visitante pode entrar nu
“Foi o Mucem que pediu para evitar que se machuquem com farpas”, explica Eric Stefanut, responsável pela comunicação da Federação Francesa de Naturismo (FFN) e co-organizador dessa visita guiada incomum que reuniu, nesta terça-feira de agosto, 80 curiosos.
Após o esclarecimento, todos partem para descobrir fotografias, desenhos, livros, filmes, revistas, objetos do cotidiano, pinturas, gravuras e esculturas, emprestados, entre outros, pelo Centro Pompidou, o Louvre ou a Biblioteca Nacional Suíça em Berna.
A exposição, que pode ser vista até 9 de dezembro, também recebe visitantes totalmente vestidos, fora desses horários dedicados — Foto: AFP
A exposição, que pode ser vista até 9 de dezembro, também recebe visitantes totalmente vestidos, fora desses horários dedicados — Foto: AFP
“Hoje é meu aniversário e estávamos procurando algo um pouco excepcional para fazer”, explica à AFP Julie Guegnolle, 38 anos, – de pareô – que veio com seu marido, Matthieu, 37 anos – nu – oriundos de Var.
“Não é todo dia que se tem a oportunidade de passear nu em um museu. Quando chegamos, estávamos um pouco perdidos, mas não é tão estranho”, entusiasma-se ela.
A exposição, que pode ser vista até 9 de dezembro, também recebe visitantes totalmente vestidos, fora desses horários dedicados.
“Fortaleza”
“Estamos em Marselha para a semana. Vimos a exposição no Instagram e quisemos dar uma olhada,” explicam Kieren Parker-Hall, 28 anos, e Xander Parry, 30 anos, de Bath e Bristol (sudoeste da Inglaterra).
A exposição, que pode ser vista até 9 de dezembro, também recebe visitantes totalmente vestidos, fora desses horários dedicados — Foto: AFP
A exposição, que pode ser vista até 9 de dezembro, também recebe visitantes totalmente vestidos, fora desses horários dedicados — Foto: AFP
Os dois, em trajes de aniversário, estão “fascinados” pelas “fotografias incríveis”, como o retrato em preto e branco de Christiane Lecocq – pioneira do naturismo francês, falecida aos 103 anos – diante de sua cabana, exibindo seu corpo naturalmente marcado pelos anos.
“Na Inglaterra, não vamos encontrar esse tipo de lugar onde as pessoas ficam nuas, faz frio!” sorri Kieren, desenvolvedor web. Xander, mestre vidreiro, complementa: “Estar nu na Inglaterra é visto como algo estranho, vergonhoso,” lamenta ele.
Marselha foi “uma fortaleza do naturismo (…) a partir de 1907,” explica à AFP Bruno Saurez, presidente da associação naturista local, fundada em 2014 e co-organizador da visita. Um abade, Urbain Legré, cuidava de crianças com tuberculose e as expunha nuas, ao sol, com o consentimento dos pais e de sua diocese para fazer exercícios, beber água, explica ele.
A exposição, que pode ser vista até 9 de dezembro, também recebe visitantes totalmente vestidos, fora desses horários dedicados — Foto: AFP
A exposição, que pode ser vista até 9 de dezembro, também recebe visitantes totalmente vestidos, fora desses horários dedicados — Foto: AFP
“Isso era feito na Suíça, na Alemanha”, onde o movimento naturista nasceu junto ao movimento higienista no século XIX, ele relembra.
Nas Calanques de Marselha, “essas crianças gostaram tanto dessa experiência que fundaram as primeiras associações naturistas na França: os Naturistas da Provença em 1930 e os Livres Culturistas da Provença em 1931”, detalha M. Saurez.
Hoje, Marselha e seus arredores dispõem de várias estruturas dedicadas, onde o clima “inevitavelmente atrai muitas pessoas”.
Philippe Katerine
Mesmo assim, a França é o principal destino turístico do mundo para naturistas, na ausência de uma classificação oficial?
A exposição, que pode ser vista até 9 de dezembro, também recebe visitantes totalmente vestidos, fora desses horários dedicados — Foto: AFP
A exposição, que pode ser vista até 9 de dezembro, também recebe visitantes totalmente vestidos, fora desses horários dedicados — Foto: AFP
“Estamos um pouco atrás da Espanha, no que diz respeito ao número de entradas nos centros de férias. Não contamos os naturistas de praia, que são muito numerosos e que nem sempre vão aos centros”, relativiza Bruno Saurez.
Não importa para Christelle Bouyoud, 53 anos, naturista há dez anos, convencida de uma coisa: “Quando estamos nus, é muito complicado ir buscar alguém no campo de batalha ou do desentendimento”.
A exposição, que pode ser vista até 9 de dezembro, também recebe visitantes totalmente vestidos, fora desses horários dedicados — Foto: AFP
A exposição, que pode ser vista até 9 de dezembro, também recebe visitantes totalmente vestidos, fora desses horários dedicados — Foto: AFP
Uma referência direta à canção “Nu”, interpretada pelo cantor francês Philippe Katerine em 26 de julho, durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris.
Disfarçado de Dionísio – Deus grego do vinho e da festa – pintado de azul e quase nu, o cantor proclamava: “Não haveria guerras se tivéssemos permanecido todos nus. Vivamos como nascemos. Nus, simplesmente nus.”