Turismo

Tapa-sexo com rosto de Dilma Rousseff é proibido e modelo fica peladona em protesto e é retirada da avenida no meio do desfile da sua escola


De expulsão de musa a “paradonas”: SP teve Carnaval para não esquecer

Tapa-sexo com o rosto da presidente Dilma Rousseff censurado. Paradinha que virou paradona. Anhembi em noite de Paris. Comissão de frente em cima de carro. Alegorias quebradas. Acidente com destaque. São Paulo teve, neste sábado (6), uma noite de Carnaval para não esquecer. E pelo menos três escolas saíram da passarela cotadas para faturar o título do Grupo Especial: Mocidade Alegre, Vai-Vai e Império de Casa Verde.

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Tapa-sexo com o rosto da presidente Dilma Rousseff censurado. Paradinha que virou paradona. Anhembi em noite de Paris. Comissão de frente em cima de carro. Alegorias quebradas. Acidente com destaque. São Paulo teve, neste sábado (6), uma noite de Carnaval para não esquecer. E pelo menos três escolas saíram da passarela cotadas para faturar o título do Grupo Especial: Mocidade Alegre, Vai-Vai e Império de Casa Verde.

A depender do conjunto da escola e o impacto que o desfile provocou na plateia, é fácil considerar que o provável campeão do Carnaval 2016 de São Paulo desfilou na segunda noite. É inegável que o conjunto das apresentações de sábado foi muito superior à média dos desfiles de sexta-feira, que teve Gaviões da Fiel, Rosas de Ouro e Unidos de Vila Maria como destaques.

Entre os principais candidatos ao título estão, de novo, Vai-Vai e Mocidade Alegre –não é por acaso que as duas escolas têm se revezado no alto do pódio do Carnaval paulistano nos últimos cinco anos, com dois títulos da primeira (2011/2015) e um tricampeonato da segunda. Correndo por fora, o Anhembi assistiu ao renascimento da Império de Casa Verde, que fez um espetáculo luxuoso sob a direção do carnavalesco Jorge Freitas.

Unidos do Peruche, Acadêmicos do Tucuruvi, Dragões da Real e X-9 Paulistana –esta última, que teve problemas para entrar na avenida e pode até ser rebaixada– completaram a segunda noite de desfile.

 

Amauri Nehn/Brazil News

Ju Isen tira a fantasia no meio do desfile da Unidos do Peruche

 

Unidos do Peruche: Toda nudez será castigada

O desfile da Unidos do Peruche deu o tom do que seria a segunda noite do Grupo Especial. Um inusitado protesto em plena avenida elevou a temperatura local e provocou uma correria para expulsarem a moça –Ju Isen, a “musa do impeachment”– da pista. Destaque à frente da bateria, ela queria desfilar com um tapa sexo com o rosto da presidente Dilma Rousseff e foi proibida de levar o adereço para a avenida. No meio do desfile, com a bateria no recuo, Isen arrancou a parte superior do macacão que lhe deram para substituir o tapa-sexo, deixou os seios à mostra, jogou o costeiro no chão e foi tirada da pista às pressas.

 

Alexandre Schneider/UOL

Leci Brandão desfilou pela Peruche

 

O azar da escola é que tudo se passou diante dos módulos dos julgadores dos quesitos harmonia e alegoria, o que pode enquadrá-la em perda de pontos. O “strip” fora de hora atravessou o samba da Peruche. Com um enredo-exaltação ao centenário do samba no Brasil, a escola levantou a plateia logo no início e, durante todo o tempo em que esteve na passarela, fez uma apresentação que honrou as melhores tradições da “Filial do Samba”. Escorados em um samba de grande qualidade, construído a partir da colagem de antigos sucessos do gênero, a Peruche ignorou a pista molhada pela chuva e fez um Carnaval alegre, divertido e de ótima conexão com o público.

 

Rogério Canella/UOL

Com lentes vermelha, Lívia Andrade representa anjo da morte

 

Império de Casa Verde: Carnavalesco de luxo

Segunda escola a entrar na avenida, a Império de Casa Verde fez uma apresentação que pode ser resumida em luxo, luxo e luxo. É fácil perceber a assinatura do carnavalesco Jorge Freitas na mudança de personalidade do “Tigre Guerreiro”. Estreante na escola, ele imprimiu todas suas convicções estéticas em favor de um desfile vigoroso, bonito, harmonioso, capaz de superar um enredo confuso sobre os mistérios da vida, misturando Atlântida, Eldorado e novas civilizações.

As fantasias foram um capítulo à parte: volumosas, produzidas com materiais de primeira linha, com muitos brilhos, brocados, pedrarias e plumas, ajudaram a compactar a escola de ponta à ponta. O capricho podia ser notado também no cuidado que os componentes dedicaram à pinturas no rosto para a composição dos figurinos.

Outra sacada do carnavalesco foi a inclusão de alas monocromáticas, especialmente na cor preta, entre alas bem coloridas, recurso que deu um efeito interessante quando se viu a escola por cima, completa na avenida. Digno de nota 10. Também chamou a atenção o volume e dimensões dos carros alegóricos, sobretudo o abre-alas, que mal cabia na pista e precisou de muito esforço para ser levado no braço até a dispersão. Há dez anos sem um título, a Império se credencia a sonhar com o pódio este ano, o que comprovaria que valeu o investimento para levar Jorge Freitas para a Casa Verde. O Anhembi viu o renascimento da Império.

Acadêmicos do Tucuruvi: é preciso ter fé

A Acadêmicos do Tucuruvi tem se especializado em fazer enredos populares e apostou nesta temática mais uma vez, levando para a avenida uma viagem pelas festas de fé do povo brasileiro, das romarias a Aparecida ao Círio de Nazaré, das festas juninas ao Natal. Pelo sétimo ano seguido no comando da escola, o carnavalesco Wagner Santos evitou correr o risco de ideias mirabolantes e se preocupou em apresentar alas, fantasias e alegorias que se apropriassem do enredo.

Foi fácil para o público e jurados identificarem as referências das celebrações religiosas que chegaram ao Brasil pelas mãos dos colonizadores portugueses e pelos escravos africanos. O problema é que tudo pareceu muito literal, às vezes repetido de outros desfiles que já falaram sobre o tema. Talvez por isso, desta vez a Tucuruvi não empolgou o público. Wagner Santos sonhava em chegar ao desfile das campeãs para corrigir a “injustiça” que, em sua opinião, os jurados cometeram no ano passado. Como diz o enredo, vai ser preciso muita fé para chegar lá.

 

Junior Lago/UOL

Mocidade Alegre fez desfile caprichado

 

Mocidade Alegre: Samba à capela

Engasgada com o vice-campeonato do ano passado, a Mocidade Alegre veio para a avenida disposta a acertar as contas com a história. E inaugurou na passarela um novo conceito de levar um samba enredo. Sob o comando de Mestre Sombra, a bateria praticamente instituiu o “samba à capela”, fruto de uma ousadia que não é para qualquer um. Durante sete momentos do desfile, os 240 ritmistas da bateria pararam de tocar por 35 segundos e deixaram que a letra do samba fosse cantada pelos 3.200 componentes da escola e pelo público. Dentro de um desfile quase impecável, foi um show a parte ouvir o Anhembi cantando, a plenos pulmões, o samba com seu refrão forte. A partir desta noite, a paradona de Mestre Sombra virou um divisor de águas quando o assunto for paradinha.

Além dessa ousadia, a escola mostrou o velho profissionalismo na confecção das fantasias, adereços e alegorias. Só o que pode complicar a “Morada do Samba” na apuração oficial é a evolução. Quando a escola já tinha atingido a metade da pista, formou-se um branco entre o carro abre-alas e o setor que vinha logo atrás. O buraco foi corrigido rapidamente, mas pode ser penalizado. O quinto carro também teve sérias dificuldades para entrar na passarela.

Vai-Vai: Paris é aqui

A Vai-Vai não repetiu o emocionante desfile do ano passado, mas cumpriu a proposta de trazer a França para o Anhembi. O enredo “Je Suis Vai-Vai. Bem-vindos à França” proporcionou uma apresentação com a cara da escola do Bixiga, sempre empurrada por um ótimo samba e um jeito todo próprio de desfilar, num passo mais acelerado do que a concorrência. Esse vigor da escola pôde ser sentido da comissão de frente à última ala, que veio toda de branco, numa mensagem subliminar de pedido de paz contra o terrorismo.

 

LEONARDO BENASSATTO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Erick Jacquin, do “MasterChef” para a Vai-Vai

 

Entre as boas sacadas dos carnavalescos Renato e Márcia Lage destacaram-se as baianas fantasiadas de Monalisa e a ala de crianças na pele do Pequeno Príncipe. As alegorias, no entanto, ficaram abaixo do padrão que se podia esperar da cabeça inventiva do premiado casal carioca. Ainda assim, os grandes ícones da França estavam lá, como a Torre Eiffel, o Moulin Rouge e o Louvre. Sem buracos na evolução, a escola foi cumprindo seu papel com absoluta correção, deixando para trás um cheiro de perfume –francês– no ar.

Dragões da Real: Presente de aniversário

A Dragões da Real comemorou seus 15 anos de história com um desfile que surpreendeu pela criatividade de algumas soluções encontradas pela comissão de Carnaval para colocar na avenida um enredo difícil, que falava sobre presentes. A comissão de frente foi um desses achados. Com uma proposta nada usual, a trupe de artistas que apresentou a escola para o púbico não pisou um minuto sequer na pista do Anhembi. Toda a coreografia foi encenada em cima de um elemento cenográfico que representava a casa do Papai Noel. Lá de dentro brinquedos saíram soldadinhos de chumbo, ursinhos de pelúcias, robôs e bonecas. Alguns desses brinquedos ora “desligavam” e passavam a fazer parte do cenário, imóveis, ora ganhavam pilha nova. Tudo muito bem ensaiado e executado. Foi certamente a melhor comissão de frente dos dois dias de desfiles.

Embora o samba fosse arrastado, sem força rítmica, o que acabou jogando a escola para baixo da metade para o fim do desfile, outras boas ideias fizeram a diferença. A bateria, fantasiada de reis magos, foi uma delas. Mestre Tornado estava caracterizado de José e sua mulher, Keila Tornado, fazia o papel de Maria. A madrinha da bateria, Simone Sampaio, foi a estrela-guia.

X-9 Paulistana: Final infeliz

Última escola a entrar na avenida, a X-9 Paulistana não contava com tantos problemas na hora de dar o seu recado. Depois de um ano de desenvolvimento de um enredo que falava sobre a lenda indígena da descoberta do açaí como alimento natural da floresta Amazônica, a escola viu seus planos de brigar pelo título ruírem ainda na concentração. Um destaque caiu do terceiro carro e teve de ser socorrido pelos bombeiros e levado para o hospital. O acidente danificou parte da estrutura da alegoria, que por pouco nem foi para a avenida.

Natural que o episódio espalhasse um clima de tensão em todos os componentes da escola –essa falha pode acabar tirando vários pontos nos quesitos de evolução e alegoria. O carro foi para pista, mas sem preencher todos os espaços destinados aos destaques. O abre-alas também apresentou defeito e provocou brancos na pista. O desânimo comprometeu todo o desfile, antecipando o risco de a escola da Parada Inglesa perder muitos pontos. Dependendo do tamanho do estrago, a escola pode até cair para o Grupo de Acesso. O jeito é torcer para que as boas vibrações da procissão armada no final do desfile para celebrar a encenação do Círio de Nazaré possam ajudar a operar um milagre.

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