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Pesquisa quer tropicalizar a Canola para expandir produção


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Foto: Paulo Ferreira

Paulo Ferreira - Pesquisadores avaliam genótipos de cevada no Brasil CentralPesquisadores avaliam genótipos de cevada no Brasil Central

Pesquisadores brasileiros estão investindo na viabilidade do cultivo da canola em regiões tropicais do País para atender ao crescimento na demanda. O resultado seria como uma segunda safra no mesmo ano, otimizando o uso de terras, máquinas e outros meios usados na produção de milho e soja em milhões de hectares do cerrado, de estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Os pesquisadores da Embrapa testam 30 genótipos buscando tropicalizar a cultura e com isso garantir a produção em baixas latitudes (entre 6 e 13 graus) e em altitudes acima de 600 metros.
A canola é a terceira oleaginosa mais importante no mundo, ficando atrás do dendê e da soja. O consumo do óleo da canola no Brasil ainda é considerado baixo, limitado pelo preço do produto, baixos volumes de produção e dificuldades de distribuição logística.  Segundo o IBGE (2012), o consumo per capita de óleo de canola no País é de 0,064 kg/hab./ano, valor bastante inferior ao consumo estimado de óleo de soja de 6,34 kg/hab./ano.
A canola é cultura de inverno, típica das regiões mais frias do mundo. No Brasil, o cultivo está concentrado na região Sul, onde as temperaturas amenas favorecem o desenvolvimento das plantas. Esse cultivo é uma boa oportunidade para atender o crescimento na demanda brasileira e mundial de proteínas para produção de carnes e a diversificação de espécies produtoras de óleo vegetal de elevada qualidade para o consumo humano e energia renovável (biodiesel).
As regiões Sul (0,11 kg/hab./ano) e Sudeste (0,098 kg/hab./ano) apresentaram maior consumo per capita, condicionadas pelas classes de rendimento mensal familiar acima de R$ 4.150 com os maiores valores de consumo. “Cada vez mais a soja tem sido utilizada para a produção de biocombustível, deixando espaço para a popularização do óleo de canola no consumo humano”, explica o analista da Embrapa Trigo, Paulo Ernani Ferreira.
Utilizada em vários segmentos do mercado, a canola ganha cada vez mais espaço no segmento alimentício, impulsionada tanto pela qualidade nutricional (ômega 3, vitamina E) quanto pelos benefícios comprovados à saúde, como redução do colesterol e o risco de doenças cardíacas. Análises da Embrapa indicam que se houvesse a substituição de 1/5 do consumo brasileiro de óleo de soja por óleo de canola, ou seja, 1,42 kg/hab./ano, a demanda potencial de óleo de canola no País seria de 299,52 milhões de litros, ou seja, 765,4 mil toneladas de canola-grão, doze vezes mais que a atual produção nacional.
Tropicalização da canola
Em Minas Gerais, a Universidade Federal de Uberlândia organizou  o Grupo de Estudos e Pesquisas em Canola em março de 2014. A primeira ação foi realizar um diagnóstico para localizar as áreas de cultivo no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Foram identificados 22 produtores de canola, com área total de dois mil hectares, estimada a partir da comercialização de sementes.
Em Uberaba, Minas Gerais, uma área de 30 hectares de canola é a base de experimentação do produtor José Luiz Balardin, que investe na cultura pela primeira vez: “A gente tem acompanhado o crescimento do mercado de óleos e vê que a canola é uma nova oportunidade de diversificação na propriedade. Ainda não temos como avaliar o potencial de rendimento, mas toda a produção já tem comprador garantido”.
No Mato Grosso os primeiros trabalhos de adaptação da canola ao ambiente tropical foram realizados em 2006. Em 2013, a Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat – campus Tangará da Serra) e a Prefeitura Municipal de Campo Novo do Parecis implantaram novos experimentos na região e acompanhamento técnico da Embrapa Trigo e da indústria de óleos e sementes. No local, estão sendo realizados trabalhos na identificação de híbridos de canola com maior adaptação ao ambiente, mostrando resultados iniciais de rendimento de 1.280 e 2.500 quilos por hectare (kg/ha), semelhantes aos resultados obtidos no Sul. “O potencial agrícola da região, em função das condições de clima, solo, topografia, bem como do perfil dos produtores rurais e empresas com experiência no fomento da produção de canola, permite projetar uma área de 150 mil hectares em um curto período de tempo”, explica o pesquisador Gilberto Omar Tomm da Embrapa Trigo. A iniciativa conta com o apoio de instituições de ensino e pesquisa, indústria de óleos, assistência técnica privada e produtores.
Além da liquidez de mercado e a rentabilidade equivalente à soja, a expansão da canola está associada a melhorias no sistema produção, como redução na incidência de pragas e doenças nos cultivos subsequentes, menor gasto com defensivos e adubação do que os demais cultivos de grãos, resistência à seca e aos veranicos comuns na região, maior teor de óleo e produção no período de sazonalidade da soja.
Pesquisa na vanguarda mundial
A tropicalização da canola pretendida pela Embrapa é uma iniciativa inédita no mundo com introdução da cultura em baixas latitudes, em clima tropical. Até então, a indicação de cultivo estava limitada às regiões de clima temperado e latitudes entre 35 e 55 graus. A latitude está relacionada à distância da Linha do Equador (que cruza o Norte do Brasil), assim, quanto mais próximo ao Equador, maior a temperatura e maior a incidência de luz solar. A luminosidade é benéfica para o cultivo da canola, mas as altas temperaturas não. Este é o maior desafio na identificação dos locais e dos híbridos mais indicados ao cultivo. “Estamos avaliando o cultivo da canola em área com altitudes acima de 600 metros, que podem ser quentes durante o dia, mas onde as plantas se favorecem com a queda da temperatura à noite”, explica o analista da Embrapa Trigo, Paulo Ernani Ferreira.
Para avaliar as oportunidades e limitações da pesquisa, uma equipe multidisciplinar de pesquisadores faz o acompanhamento a campo, com a avaliação de 30 genótipos de canola em 2014. Os experimentos permitem identificar materiais com maior potencial de cultivo com base em avaliações de ciclo, desenvolvimento de plantas e produtividade. Também estão sendo observados aspectos de manejo em ajustes fitotécnicos como época de semeadura e zoneamento agrícola, identificação e controle eficiente de insetos-praga e plantas daninhas, adubação, entre outros.

Joseani M. Antunes (MTb 9396/RS)
Embrapa Trigo
trigo.imprensa@embrapa.br
Telefone: (54) 3316-5860

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