Internacional

Ex-presidente prova que é possível governar para o povo, sem roubar dele. Claro que não é o Lula


Milhares de uruguaios ‘abraçam’ Mujica em despedida da Presidência

 

  • Nicolás Celaya/Xinhua

Milhares de pessoas se despediram nesta sexta-feira (27) do presidente do Uruguai, José Mujica, um personagem com um estilo de vida simples e um discurso contra o consumo que se tornou um dos mandatários mais populares do mundo.

Mujica, político de esquerda de 79 anos, foi ovacionado por 3.000 pessoas na principal praça de Montevidéu após receber uma bandeira do país em seu último evento oficial.

O mandatário, que no domingo devolverá a faixa presidencial ao seu antecessor e correligionário Tabaré Vázquez, terminou seu mandato com 65 por cento de aprovação, segundo a última pesquisa de dezembro da consultoria Equipos.

“Não vou embora, estou chegando, irei com o último suspiro e onde estiver, estarei por você, estarei contigo, porque é a forma superior de estar com a vida. Obrigado querido povo”, disse Mujica, que será senador entre 2015 e 2020.

As pessoas, que carregavam bandeiras do Uruguai, outras com cores da Frente Ampla e máscaras com o rosto de Mujica, promoveram um aplauso quando o uruguaio encerrou seu discurso.

“Mujica veio cumprimentar o seu povo e pôde abraçar sua gente. Isso foi o melhor de tudo o que aconteceu hoje”, disse Álvaro Domínguez, estudante de 24 anos, eufórico.

Nos seus cinco anos de governo houve establidade econômica e foram priorizados planos sociais que reduziram a pobreza e a falta de moradia. Mujica também estimulou a controversa agenda progressista, que legalizou o aborto, o casamento homossexual e a maconha.

“Se tivesse duas vidas, eu gastaria elas inteiras para ajudar na sua luta (a do povo), porque é a forma mais grandiosa de querer a vida que pude encontrar ao longo dos meus quase 80 anos”, disse na sua despedida o ex-guerrilheiro que esteve preso por mais de uma década.

Contudo, os uruguaios ainda se queixam de problemas na educação, de uma desgastada infraestrutura rodoviária e uma crescente insegurança.

“Não foi um presidente ruim, foi um grande presidente. Mas não solucionou os problemas de insegurança e na educação, nessa área ganharam dele”, disse José Neri, um caminhoneiro de 29 anos que viajou do interior do país para se despedir do presidente.

Mujica, floricultor de profissão, se tornou uma estrela da política internacional com discursos que questionavam o consumismo e destacam as coisas simples da vida. Mas sua franqueza o forçou várias vezes a se desculpar publicamente.

Como presidente, Mujica continuou morando modestamente em uma chácara nos arredores de Montevidéu, onde com sua mulher, a senadora Lucía Topolansky, cultivam seus alimentos e se locomovem com um carro antigo. Um estilo de vida que reflete suas origens num lar modesto, onde passou uma infância e uma adolescência difíceis.

“Não viemos ao planeta para nos desenvolver apenas. Viemos ao planeta para ser felizes. Porque a vida é curta e se vai. E nenhum bem vale como a vida e isso é o fundamental”, disse na Cúpula Rio+20 em 2012, num discurso bastante compartilhado nas redes sociais e que o projetou à fama.

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