E ,de repente, tudo acontece e você embarca no cruzeiro da felicidade, apenas apertando nos braços alguém que você adora
AH, O ABRAÇO! ACEITO DE ONDE VIER
Ana Ruth Rodrigues
É confortante saber que tenho com quem falar,
É maravilhoso ter também com quem calar.
Aquela amiga que vê você chorar, nada pergunta e lhe abraça.
E como é bom o abraço amigo! Cura dores, maus amores,
É um carinho que alcança a alma.
Ah, um abraço! Do estranho numa igreja,
Do pai, da mãe, do filho, do namorado que pinta,
E ao mesmo tempo lhe afaga
quando tenta traduzir sua expressão numa tela.
Sou eu essa que chora enquanto morde os lábios?
Sim, olhando com os olhos do amor me reconheço:
– Sou eu. Pois que melhore, tomara. Feia estou.
E feia não sou. É condição temporária.
Mas quem me enfeiou?
– Você mesma, minha irmã, me diz Eliza.
– Mas haverá de passar, fala meu amor,
Aquele que lhe contei, o pintor.
Honestamente, não nasci bonita. Feia até.
Olhos pequenos, sem expressão muito clara,
Nariz pequeno, arrebitado e já arrogante,
A boca, só a boca com lábios bem delineados se salvava.
Mas o tempo, já se sabe, é santo remédio.
E aí, quem feio nasceu, vira bonito;
E os que foram lindos bebês e crianças,
Agora são de assustar e há que se ter cuidado: feiúra pega.
Por sorte (e escolha), meu amor é lindo,
Parece aquele Jesus do imaginário popular.
Olho muito para ele porque beleza também pega,
Doçura pega, carinho pega, gentileza pega e amor,
Ah, o amor…pega, impregna, é mel, é fel, se chega,
Se roça, lhe afasta, lhe puxa, e abraça, abraça.
Setembro 2015