Meio Ambiente

Crime ambiental de empresa da Vale causará danos irreparáveis e não haverá punição


Mil hectares de área de preservação já foram afetados pela onda de lama

 

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Aproximadamente 1.000 hectares, o equivalente a 1.000 campos de futebol, de área de preservação permanente já foram afetados pela lama contendo rejeitos de minério de ferro vazada da barragem de Fundão, em Mariana (MG), no último dia 5 deste mês, e que percorre a calha do rio Doce.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis, a estimativa é que ela atinja o oceano Atlântico, na costa do Espírito Santo, no próximo domingo (22).

“Em torno de mil hectares de área de preservação permanente”, disse Fernanda Pirillo, coordenadora-geral de emergências ambientais. Ela, no entanto, não detalhou quais seriam as áreas afetadas no entorno do rio.

“A gente sabe a área impactada. Agora, número de espécimes (da fauna e flora) ainda não foi calculado. Outras áreas ainda podem ser atingidas. Já foi feita até uma coleta de ovos de tartaruga para evitar que sejam impactados”, afirmou.

No curso do rio Doce ficam o Parque Estadual Rio Doce e o Parque Estadual Sete Salões, ambos abrangendo áreas de cidades de Minas Gerais. Segundo o Instituto Estadual de Florestas, o Parque Estadual do Rio Doce tem cerca de 35 mil hectares, “notável sistema lacustre, composto por quarenta lagoas naturais” que “abrigam uma grande diversidade de peixes, que servem de importante instrumento para estudos e pesquisas da fauna aquática nativa”.

Segundo Fernanda Pirillo, a recuperação desses locais é tida como possível, mas o tempo para isso ocorrer deverá ser longo e ela preferiu não dizer um prazo.

Por sua vez, a ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, havia dito na terça-feira passada (17) que esse processo levaria ao menos 10 anos.

Já nesta quinta-feira (19), a ministra afirmou que a chegada da lama ao mar irá causar “impactos”, mas disse não acreditar que esses rejeitos atinjam o arquipélago de Abrolhos, que fica aproximadamente a 250 quilômetros da foz do rio Doce.

“Agora como a lama vai chegar, em qual quantidade, se vai para o fundo, isso depende de como vai entrar [no mar], considerando que a foz do rio está assoreada”, explicou.

“Tem crustáceo, tem fauna de bento, vai ter impacto, mas fizemos um desvio  (na foz do rio, para facilitar a dispersão da lama) para não pegar a área de desova da tartaruga de couro (espécie ameaçada de extinção que vive no loca)”.

A ministra classificou o vazamento da barragem de Fundão como a maior “catástrofe ambiental do país”.

“Mas impacto vai ter. Como teve no rio Doce, no trecho de Minas, onde a fauna acabou. A ictiofauna acabou. A calha do rio principal ficou impossível, especialmente para os peixes de fundo. Porque os peixes de superfície, muitos conseguiram migrar para os tributários, mas estão morrendo. A fauna ribeirinha foi impactada. É a maior catástrofe ambiental do país, isso é inegável”, disse.

O Ibama já aplicou uma multa de R$ 250 milhões (divididos em cinco autos de infrações no valor de R$ 50 milhões cada um) à Samarco, mas isso não significa que as multas vão cessar, conforme avaliou a coordenadora Fernanda Pirillo, que sinalizou com mais penalizações à empresa.

A empresa foi multada, segundo o Ibama, por causar poluição hídrica, resultando em risco à saúde humana, tornar áreas urbanas impróprias para ocupação, causar interrupção do abastecimento público de água, além de ter lançado resíduos em desacordo com as exigências legais e provocar a mortandade de animais e a perda da biodiversidade ao longo do rio Doce. A empresa pode recorrer das penalidades aplicadas.
*Com Estadão Conteúdo.

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