Sociedade

ALESE concede Título de Cidadania Sergipana a fundadores da CUT Sergipe: Rômulo Rodrigues e Edmilson Araújo


 

 Ao som uníssono do grito que preso na garganta de milhões de operários, camponeses, desempregados, trabalhadoras e trabalhadores do Brasil e de Sergipe: “Fora Temer! Lula Livre”, a deputada estadual Ana Lúcia finalizou seu discurso de outorga do Título de Cidadania Sergipana a dois militantes sindicais históricos e fundadores da Central Única dos Trabalhadores em Sergipe: Edmilson Araújo e Rômulo Rodrigues.

A solenidade ocorreu na tarde desta terça-feira, 22, no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe. Ana Lúcia é autora do Projeto de Resolução que concede a honraria a Rômulo Rodrigues e o ex deputado estadual Professor Wanderlê Correa, do que torna Edmilson Araújo cidadão sergipano.

“Essa sessão solene da Assembleia Legislativa de Sergipe é um registro histórico que há muito se fazia necessário, tendo em vista o papel decisivo desses dois operários na disseminação do ‘novo sindicalismo’ em Sergipe, a partir do início da década de 80”, apontou Ana Lúcia, destacando que os homenageados foram operários da Nitrofértil/Fafen, atualmente aposentados, ambos militaram na fundação do PT, juntos fundaram o Sindiquímica e a CUT, para responder aos apelos da história foram construir o PSTU e posteriormente regressaram ao PT.

“Vocês ensinaram aos militantes da esquerda sergipana que o partido por ser parte, deve sempre defender os interesses da classe trabalhadora, que a soberania popular se sobrepõe aos interesses individuais e que uma organização partidária socialista não pode ser moldada para ser peça auxiliar dos interesses políticos de alianças de ocasião e eleitoreiras”, apontou Ana Lúcia.

O homenageado Edmilson Araújo agradeceu a honraria. “Sou grato a esse povo generoso que me acolheu aqui, sou grato a essa classe trabalhadora disposta, exuberante que construiu um movimento sindical e as bases políticas para o Sergipe novo que surgiu a partir daí com seus novos personagens e realidades políticas. Vejo aqui parcela da classe trabalhadora deste Estado, sobretudo da velha guarda da Fafen que me fizeram lutador e cidadão sergipano. Com estes eu divido o Título de Cidadão Sergipano que hoje recebo”, apontou Edmilson.

Em nome de tantos trabalhadores da velha guarda, Edmilson dedicou a horaria recebida a dois extraordinários lutadores (em memória): “Dionisio da Cruz, guerreiro combatente da luta dos trabalhadores rurais e da luta ambiental – que acabou sendo emboscado num dissimulado assalto bancário que lhe tirou a vida – e ao grande e combativo companheiro Gentil Pereira da Costa, o velho Costa: aquele que não respeitava sua própria idade, que aos 70, 80 anos assumia para si as tarefas que eram destinadas naturalmente aos mais jovens, e o velho Costa nunca se furtou a elas”, dedicou.

Rômulo Rodrigues agradeceu a homenagem, destacando, assim como Edmilson, de que o título não é pessoal, mas de todos aqueles que somaram esforços em defesa da classe trabalhadora.

“Edmilson tem um sentimento de ligação profunda com seu Riacho da Guia em Alagoinhas, do mesmo jeito que eu tenho com a minha Caicó. Não vamos abdicar das nossas origens, mas hoje somos cidadãos sergipanos. Isso tem um peso muito grande, pois hoje somos cidadãos daquele lugar que nos projetou, que nos fez referência, e que fez com que nós fôssemos voz ouvida em vários fóruns deste país, apontando soluções concretas para que a classe trabalhadora permanecesse lutando para vencer a barreira da exploração, tivesse dignidade e falasse mais alto”, apontou.

“É nossa tarefa disputar a hegemonia da sociedade. Ela é pedagógica, é educativa e é revolucionária. Enquanto tivermos consciência e capacidade de elaboração, temos este papel, que é de fundamentalmente de educar. A classe trabalhadora nada tem a perder em uma revolução, a não ser suas amarras”, finalizou, Rômulo, parafraseando Marx e motivando os trabalhadores e trabalhadoras presentes.

Emocionando a todos, Ana Lúcia recitou poema de Carlos Mariguella, que embalou os sonhos da geração de sindicalistas dos anos 1980 e que continua motivando homens e mulheres que estão conscientes de que é preciso barrar o ainda inconcluso golpe parlamentar, jurídico e midiático que tirou do poder a Dilma e que, em 2 anos destruiu conquistas sociais resultantes de um século de muitas lutas da classe trabalhadora. O mesmo golpe que aprisionou o presidente Lula em Curitiba, impondo assim, ao maior estadista brasileiro da história da nação, a condição de preso político do século XXI.

 

“Não pretendo nada,
nem flores, louvores, triunfos.
nada de nada.
Somente um protesto,
uma brecha no muro,
e fazer ecoar,
com voz surda que seja,
e sem outro valor,
o que se esconde no peito,
no fundo da alma
de milhões de sufocados.
Algo por onde possa filtrar o pensamento,
a ideia que puseram no cárcere.

É preciso não ter medo,

é preciso ter coragem de dizer.

Há os que têm vocação para escravo,

mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.

Não ficar de joelhos,

que não é racional renunciar a ser livre.

Mesmo os escravos por vocação

devem ser obrigados a ser livres,

quando as algemas forem quebradas.

É preciso não ter medo,

é preciso ter coragem de dizer.

O homem deve ser livre…

O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,

e pode mesmo existir quando não se é livre.

E no entanto ele é em si mesmo

a expressão mais elevada do que houver de mais livre

em todas as gamas do humano sentimento.

É preciso não ter medo,

é preciso ter coragem de dizer.”

Presenças

Além de diversos militantes sociais e sindicais, amigos e familiares dos homenageados, estiveram presentes na solenidade Marcos Santana, prefeito de São Cristóvão; Ângela Melo, dirigente da CUT Nacional; Plínio Pugliesi, vice-presidente da CUT Sergipe e Paulo Aragão, ex presidente da central sindical, além de Conceição Vieira, Secretária de Estado da Casa Civil, representando o governador Belivaldo Chagas e da vice-prefeita de Aracaju, Eliane Aquino.